Mãe = amor e cansaço é uma fórmula bastante conhecida por todas nós mães reais. Se sentir cansada é algo que faz parte da rotina materna desde a gestação. E o que falar dos três primeiros meses do bebê em casa e os infinitos despertares nas madrugadas? (por aqui foram diários até, pelo menos, o primeiro aninho!!!).
Por mais afinidade que você tenha com seu Lado Mãe, por mais amor que você sinta pelos seus filhos, é inevitável que o cansaço te acompanhe. Por um vínculo natural, a mãe é sempre a figura da casa mais solicitada pela criança, ainda que o pai e/ou sua rede de apoio sejam presentes e atuantes. Mas NINGUÉM tinha ideia do que seria a maternidade em uma pandemia.
Do dia pra noite nos tornamos mãe -profissional em home office -dona de casa -professora e tudo o mais que possa ser acrescentado. Por aqui, os sinais claros de exaustão começaram pela irritabilidade aflorada (pra uma mãe colérica-sanguínea, imaginem só), choro nos primeiros meses da pandemia por não poder encontrar ninguém da família, principalmente minha mãe, que sempre foi um braço direito para todas as horas, desânimo nas tarefas cotidianas, como fazer almoço, por exemplo. Durante meses acordava me sentindo sufocada, com a sensação de que não daria conta, com uma vontade imensa de sair correndo (com o filho embaixo do braço, claro hahahaha) e largar tudo. Sumir e só voltar quando a pandemia acabasse. E ela AINDA não acabou!
Me lembro exatamente de sair do trabalho no dia 17 de março de 2020 e me despedir dos colegas com um até breve, como se o home office fosse durar 15….20 dias no máximo. Na escolinha do Antônio a mesma coisa. Surreal! Já parou pra pensar o quanto você, mãe, é incrível só por ter conseguido chegar v-i-v-a até aqui?
Neste processo intenso, que ainda acontece, de aceitação de uma nova forma de vivenciar a maternidade, algo fundamental na minha opinião é admitir que por um período indeterminado será assim. Sim, mamães, apesar de sermos super-poderosas, ainda não temos como controlar o vírus sozinhas ou fabricar vacinas, então um passo importante é a aceitação desta nova realidade. E aí vem um outro passo importante: como posso fazer para que a minha rotina materna seja menos exaustiva?
Reconhecer que não daremos conta de tudo sempre é outro fator essencial nessa fase. Por muitos e muitos meses eu tentei deixar a casa limpa, manter o Antônio completamente longe das telas, executar todas as demandas do home office em tempo real, fazer almoço fresquinho todos os dias. E pasmem: obviamente, não dei conta! Talvez você também não deu conta. E não precisamos dar! Você ouviu? NÃO PRECISAMOS DAR CONTA DE TUDO TODOS OS DIAS!
O que precisamos é priorizar o que é mais importante e ter sanidade mental para sobreviver a um tempo que fugiu completamente do nosso controle. Se for necessário, pegue um caderno e liste tudo o que você precisa fazer na semana e divida entre o que é extremamente necessário, razoavelmente necessário e desnecessário.
Pra que você execute bem o que colocou no papel, um terceiro passo é fundamental: estabelecer uma uma boa rotina para o seu filho/filha para que a sua rotina seja adaptada às necessidades da criança. A rotina não é simplesmente repetir as mesmas tarefas em determinados horários, mas uma ferramenta importante inclusive para a saúde mental e emocional dos pequenos (sugiro a leitura deste post). Se você ainda não conseguiu estabelecer uma rotina, observe seu filho/filha. Além do nosso instinto materno, eles nos dão sinais do que estão precisando, independente da idade em que estão.
Um exemplo aqui de casa foi quando Antônio passou a fazer uma única soneca no dia, por volta de 1 ano. Colocava ele na cama por volta de onze e meia da manhã, muitas vezes ele demorava pra dormir, eu começava a fazer o almoço super tarde, com reunião do trabalho no meio, ele acabava acordando mais tarde ainda, almoçando em horário inadequado pra uma criança, e acabava que o restante do dia era tudo atropelado. Não trabalhava direito, não fazia as tarefas de casa direito, nem conseguia dar atenção de qualidade para ele. Observando, decidimos mudar a soneca dele para as duas da tarde e foi um sucesso. Ele passou a fazer uma soneca mais longa, dando mais tempo pra que eu faça as tarefas da minha rotina de uma forma menos afobada, os horários de comer se ajustaram e foi ótimo pra família toda.
Nunca é tarde para estabelecer uma rotina! Você apenas precisa ser persistente.
Claro que aqui a exaustão materna não passou completamente, que ainda acordo praticamente todos os dias sem saber em que dia da semana e mês estamos, e que à noite, depois que coloco Antônio pra dormir, sinto sim cansaço, mas as coisas foram encaixadas no seu devido lugar e o maternar ficou menos pesado diante do cenário pandêmico, com todos em casa.
Sei que sua vida pode parecer estar do avesso, mas tenho absoluta certeza que você pode ter uma rotina menos pesada fisica e emocionalmente. E se perceber que não vai dar conta, divida melhor as tarefas com o pai, peça ajuda da avó, da tia, da irmã….se você for sozinha, tente aplicar as dicas acima e converse muito com seu filho/filha.
Uma última dica importante é ter um tempo para você. Não sei o que é fazer as unhas há mais de um ano, não me arrumo para o home office, muito menos cuido da pele ou assisto séries, mas estabeleci pequenos momentos durante o dia e também depois de colocar Antônio na cama para, por exemplo, rezar, ler, assistir um vídeo com conteúdo que me interesse ou mesmo sentar no sofá e começar um novo projeto, como escrever aqui no blog. Estipule o que é importante pra você, mulher.
Permita acumular mais roupa no cesto do que gostaria, comer o arroz de ontem, responder emails que não são urgentes no dia seguinte. Pequenas mudanças tornam a vida muito mais leve.
E se for pra carregar algum peso na maternidade, que seja o do nosso pacote de amor, que já tem nome e sobrenome.
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